quarta-feira, 24 de dezembro de 2003

Íntegra do Estatuto

Nós vivemos num país onde, graças ao excesso de regulamentações, há um enorme nível de informalidade nos mercados de habitação, de transportes, de mão-de-obra e de comércio varejista (cf. “The Other Path”, Hernando de Soto). O único efeito certo do Estatuto do Desarmamento será um aumento significativo da informalidade no mercado de segurança, seja na compra e venda de armas, seja na obtenção de segurança privada. O site do In-Correto tem um link para a lei na sua íntegra. É um amontoado pavoroso de besteiras e formalidades que deixa o leitor seguro de que nossos governantes vivem num universo paralelo. A minha predileta é o Artigo 30, que trata da anistia das armas atualmente ilegais: o sujeito que quiser legalizar sua arma terá de apresentar “nota fiscal de compra ou a comprovação da origem lícita da posse, pelos meios de prova em direito admitidos”. A minha primeira reação ao ler esta pérola foi rir, pois só mesmo um completo energúmeno exigiria que um ilegal provasse a sua legalidade antes de anistiá-lo. Mas o texto faz sentido se lido da forma correta: esta lei e os entreguistas agora no poder não têm a intenção de anistiar ninguém. Então nada melhor do que meter um artigo que dá o que falar no Jornal Nacional, mas que na prática se auto-anula. De fato, coisa de energúmeno, no sentido obsoleto da palavra.

terça-feira, 23 de dezembro de 2003

Estatuto do Desarmamento

Foge da minha compreensão a idéia de que vamos transferir para este estado brasileiro--o mesmo que não consegue tirar das cadeias armas, celulares e drogas, e que não consegue manter um bandido preso dentro de um batalhão de choque--um papel maior na defesa da vida e do patrimônio. Vinte dois de dezembro de 2003 é uma data which will live in infamy na história do nosso país. A sanção do Estatuto do Desarmamento é prova concreta de que os brasileiros estão perdidos: Como pode não haver uma comoção nacional contra uma lei apoiada pelo governo britânico--doador de mais de uma milhão de reais para as campanhas de desarmamento do Viva Rio--e cujo relator foi Luiz Eduardo Greenhalgh, o mais notório defensor brasileiro da liberação de criminosos? A falta de orientação do nosso povo se deve em grande parte ao trabalho criminoso de manipulação feito pela mídia nacional. Afinal, como pode, por exemplo, a horda de jornalistas ao redor do Renan Calheiros ficar quieta ao ouvi-lo dizer que “a diminuição do número de armas legais vai diminuir a criminalidade”? Pois se o Renan está certo, porque o Rio Grande do Sul, com sete vezes mais armas per capta do que São Paulo, tem uma taxa de homicídios quatro vezes menor? Porque cresceu a criminalidade paulistana se o número de portes emitidos na capital daquele estado caiu de 22.025 em 1994 para 3.900 em 2002? Ou seja, nada que sai da boca do Calheiros, do Greenhalgh e do Ruben César Fernandes presta, e nossos jornalistas ouvem tudo quietos, como a mídia alemã ouvindo Hitler em 1936. Se esta inanição fosse fruto de baixa capacidade intelectual, essa cambada poderia pelo menos entrevistar depois uma voz dissidente e informada. Mas nada--o que se segue é a previsão do tempo. Pagaremos caro pela promoção de tanta mentira, mas o triste é que os promotores, na maior parte fora de cargos eletivos, não arcarão com custo algum.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2003

Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira

As pérolas do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, não se limitam a comentários sem o mínimo de coerência e lógica a respeito do desarmamento civil (cf. este blog, dia 14/9/03). O Globo reporta (16/12, p. 16) que o Eduardo, numa entrevista ao Pasquim, disse que é "amigo pessoal" de Fidel Castro e que "Se eu fosse mais jovem, iria viver lá." Uma pena não haver uma máquina do tempo para podermos mandar o Eduardo de volta para a sua juventude (com uma passagem só de ida para Cuba no seu bolso), pois o Rio de Janeiro perde muito tendo alguém tão insensato representando suas indústrias. O Eduardo é outro membro do conselho diretor do Viva Rio que anda por aí de carro blindado e cercado por capangas armados, ou seja, além insensato é hipócrita.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2003

Templo da lisura ou um show de mágica?

A Rede Globo demitiu o Joelmir Beting, pois supostamente a participação dele num anúncio do Bradesco feriu a 'integridade' jornalística da instituição. Para os críticos do desarmamento civil como eu, esta é uma notícia de difícil compreensão. Afinal, em relação ao tema desarmamento civil, não se vê na Rede Globo nenhum vestígio de integridade jornalística: os 'debates' sobre o desarmamento civil na GloboNews praticamente nunca integram sequer uma pessoa contra a medida; as reportagens no rádio, nos jornais, nas revistas e na televisão praticamente nunca ouvem um crítico do desarmamento; as novelas escancaram o apoio político da Rede Globo ao desarmamento; e, last but not least, o vice-presidente das Organizações Globo, José Roberto Marinho, é também membro do conselho diretor do Viva Rio. Até para os que defendem o desarmamento civil já é fato a inexistência de 'integridade jornalística' na Rede Globo. Para que então este sacrifício do Joelmir? Talvez só mais um show de mágica para os leitores incautos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2003

"Ranço Elitista" de quem?

O representante do Viva Rio, Antonio Rangel Bandeira, disse hoje (Globo Online) o seguinte sobre a retirada da obrigatoriedade de detectores de metal em rodoviárias: "[isso mostra um] ranço elitista, porque o rico, que viaja de avião, tem garantida sua segurança e o pobre não." Nós, Sr. Bandeira, somos os elitistas?? Elitista é propor leis completamente desconectadas da nossa realidade. Pare somente um minuto, Sr. Bandeira, pra pensar na proposta que defendes. Se for para filtrar todos os passageiros através de um detetor por rodoviária, teriamos de separar os passageiros das bagagens 10, 20, 40 minutos antes do embarque. Precisaríamos de uma infra-estrutura que alguns pequenos aeroportos nem têm. De cara, completamente inviável. Que tal então um detetor em cada ponto de ônibus das rodoviárias municipais? Estamos então falando da instalação de dez, vinte ou trinta mil detetores de metal, mais manutenção periódica de um aparato que estaria espalhado por todo este imenso país. De cara também, completamente inviável. E essa proposta, Sr. Bandeira, assume também que os ônibus, assim como os aviões, não podem ser abordados por bandidos até a chegada ao seu destino. O Sr. já fez uma viagem num ônibus inter-municipal? Quem é o elitista aqui, Sr. Bandeira? E vale lembrar que o Sr. e seus comparsas defendem o desarmamento civil, uma proposta que tira do pobre um meio de defesa do qual nossas elites não abrem mão. Existe algo mais elitista que isso, Sr. Bandeira?

sexta-feira, 28 de novembro de 2003

Soluções Mágicas

Lula ontem se declarou contra baixar a maioridade penal: "A cada vez que acontece um crime destes, que choca a população, começam a apresentar soluções mágicas." Isto do presidente que apóia o Estatuto do Desarmamento! Ou seja, não é mágica a idéia de dificultar a venda de armas em loja na esperança de desarmar bandidos, mas é mágica punir como adulto, na esperança de diminuir a criminalidade, jovens entre 16 e 18 que cometam crimes hediondos. E falo de 'hediondos' não na diluída versão atual, mas sim na original: "[A]quele [crime] praticado com torpeza, crueldade e violência física, impondo grande sofrimento às vítimas e não lhes dando chance de defesa. O criminoso, normalmente, pratica o crime mantendo contato visual ou físico com a vítima. Assiste seu sofrimento e se compraz com ele. Ou, no mínimo, não demonstra qualquer sensibilidade diante da dor alheia. Para ele, a vida ou a incolumidade física da vítima não têm valor. O que caracteriza o crime hediondo é o ato típico e suas circunstâncias qualificadoras, e não suas conseqüências." Prender por menos de cinco anos um jovem entre 16 e 18 anos que comete um ato desses está fora da capacidade de compreensão do ser humano normal; a meu ver é prova clara de que a sociedade brasileira, especialmente sua elite, sofre de uma patologia mental.

Pavio Curto

Os problemas com o tenente-coronel Lourenço Pacheco Martins (foi exonerado ontem do batalhão de Olaria) levaram o Globo de hoje a publicar o interessante relato de uma reação a uma tentativa de assalto que o tenente-coronel sofreu em maio: "O caso aconteceu na noite do dia 10. Pacheco seguia para casa em seu Peugeot e desconfiou dos ocupantes de três veículos que seguiam em baixa velocidade na Rua Comandante Coelho (Rio). Quando o oficial passava por um quebra-molas, um bandido saltou armado. Pacheco, que já estava com uma pistola na mão, começou a atirar imediatamente. Desembarcou e continuou fazendo disparos, baleando um dos assaltantes na boca. Os bandidos fugiram e deixaram seu cúmplice, Alan Cosme de Melo Lima, no Hospital Geral de Bonsucesso. Mais tarde, o coronoel foi ao hospita e reconheceu o ladrão, dando-lhe voz de prisão. Na 27a DP, Alan disse aos policiais que a reação da vítima surpreendeu o bando, que estava armado de fuzil." O relato é interessante porque mostra que um sujeito armado e atento pode, no mínimo, coibir uma agressão, mesmo que os bandidos estejam mais bem armados. Além disso, esse tipo de relato é raro porque as pessoas que usam uma arma defensivamente quase nunca prestam depoimento, especialmente se a tentativa de assalto, sequestro ou estupro ocorreu na rua. Isto cria um difícil problema de aferição universal da taxa de uso defensivo de armas de fogo. No Brasil esse problema é ainda mais grave pois mesmo que a vítima esteja em dia com as mil e uma exigências legais que existem, ela ainda assim será achacada de toda forma imaginável se a agressão chegar ao conhecimento das autoridades. Aliás, uma das principais características do Brasil é o achaque e a punição dos que seguem as leis e a premiação daqueles que as violam. O melhor exemplo disso no âmbito das armas foi a anistia das armas ilegais de 1997 (lei federal 9.437, que criou o Sistema Nacional de Armas), seguida da proposta de confisco em 1999 (Projeto de Lei do Senado 292). Ambas iniciativas tiveram total apoio do mesmo presidente. Este golpe vigarista não ocorreu, mas já foi punição suficiente o susto que ele causou naqueles que resolveram se legalizar.

terça-feira, 11 de novembro de 2003


John R. Lott, Jr.


A Rede Globo finalmente escreveu sobre o John Lott (autor de ‘More Guns, Less Crime’, cuja versão da Makron é ‘Mais Armas, Menos Crimes?’), porém, não surpreendentemente, fez de tudo para destruir ele e seu trabalho. A revista Época desta semana traz um breve artigo sobre Lott baseado num outro artigo bem negativo sobre o mesmo que saiu na revista americana Mother Jones há um mês atrás. O artigo repete--as vezes numa tradução verbatim do artigo americano--uma ladainha de acusações às quais Lott respondeu também há um mês atrás no seu weblog. Portanto, ou o Ernesto Bernardes, o repórter da Época, é um incompetente que nem sequer visitou o site do alvo da sua reportagem, ou então estamos diante de mais uma maliciosa manipulação da opinião pública brasileira por parte da Rede Globo. A primeira hipótese, no entanto, pode ser descartada de cara, pois se as omissões e inverdades da Globo, a respeito do desarmamento civil, fossem fruto de incompetência e erro, na média elas favoreceriam o desarmamento cinquenta por cento do tempo; e os jornais, as rádios, as revistas e a televisão provam que este percentual está mais pra cem do que pra cinquenta por cento. Portanto sobra a manipulação. Analisemos as inverdades do artigo, i.e., analisemos ele todo:

1. “Incapaz de exibir provas de que tenha realizado algumas de suas pesquisas, Lott passou a ser considerado ‘uma fraude’, nas palavras de Donald Kennedy, editor-chefe da revista Science.”
Resposta: Primeiro, pairou dúvida sobre a realização de uma pesquisa (v. item 3 abaixo), não de “algumas”. Segundo, Kennedy nunca disse que “Lott passou a ser considerado uma fraude”, nem no artigo da Mother Jones, nem no seu editorial ‘Fraude em Pesquisa e Política Pública’, que o inseriu na polêmica (Science, 18 de abril de 2003, Vol. 300, p. 393, reproduzido aqui). Terceiro, em resposta a esse editorial, Lott forneceu a Science os nomes de nove acadêmicos capazes de corroborar sua história, e o próprio Kennedy então admitiu que “A explicação de Lott sobre a perda de seus dados certamente deve ser aceita [...]” (Science, 6 de Junho de 2003, Vol. 300, p. 1505).

2. “O problema é que, quando seus dados foram analisados por outros pesquisadores, descobriu-se uma série sistemática de pequenos erros nas tabelas, que criavam resultados favoráveis a sua tese.”
Resposta: “Até agora, eu [Lott] dividi meus dados com acadêmicos em quarenta e duas universidades e dois think tanks. Todos que tentaram conseguiram replicar meus resultados, e somente três artigos usando esses dados foram críticos da minha abordagem. Um artigo mais recente pode ser visto como moderadamente crítico. No entanto, a vasta maioria dos pesquisadores concorda que armas curtas ocultadas detêm crimes, e talvez tão importante quanto, nem mesmo os críticos afirmam ter achado que elas custam vidas ou aumentam a criminalidade.” (More Guns, Less Crime, Chicago, IL: University of Chicago Press, 2000, p. 232). Não se espera que um jornalista leia um livro inteiro pra escrever um artigo. No entanto, será que o Ernesto Bernardes só se preocupou em traduzir as alegações do artigo da Mother Jones sem nem saber a versão do próprio Lott? Se ele tentou contactar o Lott, mas não obteve sucesso, porque não o disse no artigo?

3. “Mais grave, Lott é acusado de simplesmente inventar a pesquisa dos 98%. Seus colegas lhe pediram que apresentasse a metodologia do estudo, e ele disse que o trabalho havia sido totalmente perdido devido a um problema no disco rígido de seu computador.”
Resposta: Várias pessoas já confirmaram que Lott conduziu as entrevistas deste estudo e que, de fato, o disco rígido do seu computador quebrou em julho de 1997 (para ler e-mails confirmando a história, veja este arquivo zip). E como o estudo era reproduzível, Lott o refez para o seu novo livro e encontrou resultados semelhantes.

4. “O tiro de misericórdia veio pela internet. Quando a polêmica dos estudos era discutida num chat de especialistas, Lott entrou no ar apresentando-se como uma aluna de pós-graduação e passou a defender as pesquisas. Foi flagrado no ato.”
Resposta: Apesar de ter admitido que foi um erro, Lott já explicou numa carta à Science de 6 de junho que usou um pseudônimo porque postings sob seu nome provocavam irritantes e ameaçadoras ligações para ele. Além disso, uma leitura dos postings confirma que todos os fatos sobre armas ditos por ele sob o pseudônimo são precisos. A mídia tem exagerado as repercussões do uso do pseudônimo, num exemplar ataque ad hominem cujo intuito é destruir indiretamente os resultados da pesquisa do Lott. Sua versão sobre este assunto você encontra aqui (p. 18-21).

5. “O escândalo acontece três anos depois da revelação de outra fraude, a do historiador Michael Bellesiles, que era autor de pesquisas contrárias às de Lott. Quando se descobriu que ele simplesmente inventara alguns números, Bellesiles renunciou a seu posto na Universidade Emory.”
Resposta: Bellesiles não era “autor de pesquisas contrárias às de Lott”. O que ele fez foi um estudo que dizia que a posse de armas nos EUA era coisa rara antes de 1850, enquanto que Lott mostrou que a criminalidade diminuiu com o aumento do porte de armas após 1977. Hoje o livro Arming America, escrito por Bellesiles e baseado no seu estudo, é considerado uma ficção. Aqui segue um curto histórico da saga de Michael Bellesiles:
- Em janeiro de 2000, com alarde de grupos antiarmas e da mídia convencional americana, Knopf publica Arming America;
- Em outubro o Washington Post publica uma das primeiras críticas negativas do livro na mídia convencional;
- Bellesiles diz que os 11.170 registros probatórios de heranças que usou na tese central de seu estudo eram de São Francisco. No entanto, todos os registros probatórios de São Francisco, anteriores a 1850, foram destruídos no terremoto de 1906;
- Diz então que os registros probatórios estariam ou na Biblioteca de Pesquisa da Família da Igreja Mórmon (Salt Lake City) ou na Biblioteca Sutro (São Francisco). Não foram encontrados em ambas;
- Diz então que os registros probatórios de São Francisco estariam no Centro Histórico do Condado de Contra Costa. Não foram lá encontrados, e a então diretora negou que o centro tivesse tais registros e que Bellesiles tivesse visitado o centro;
- Diz que suas notas pessoais sobre os registros probatórios foram perdidas num alagamento do seu escritório;
- Sobre as fontes existentes, muitos consideram que Bellesiles interpretou a maioria de forma errada ou fraudulenta (v. por exemplo aqui e aqui);
- Em janeiro de 2002, no William and Mary Quaterly, três de um grupo de quatro historiadores criticaram severamente a pesquisa de Bellesiles;
- Em maio, Emory University apontou uma banca para investigar Bellesiles;
- Em julho, a banca terminou sua investigação, e Bellesiles depois apelou;
- Em agosto, Emory University anunciou que Bellesiles estaria suspenso durante o segundo semestre do ano;
- Em 25 de outubro, Emory University anunciou que Bellesiles estava pedindo demissão (efetiva em 31/12/02);
- Em dezembro, a Columbia University rescindiu o prestigioso prêmio Bancroft que havia dado a Bellesiles em 2001;
- Em janeiro deste ano, Alfred A. Knopf anunciou que não mais venderia Arming America.

Arming America era muito importante para os antiarmas americanos porque ele poderia inverter a recente onda de interpretações acadêmicas que suportam a idéia de que a segunda emenda da constituição daquele país garante um direito individual às armas de fogo (v. aqui). Os antiarmas de lá--e agora os daqui--estão tentando converter a desgraça de Bellesiles num benefício fazendo um paralelo entre ele e Lott. Diante das informações acima, é obvio que esse paralelo é absurdo e é obvio que Ernesto Bernardes enganou os leitores da Época ao informá-los que Bellesiles “inventara alguns números.” A versão, por exemplo, da repórter Melissa Seckora, da National Review Online, é bem diferente: “Arming America representa um dos piores casos de irresponsabilidade acadêmica na memória.”

6. “Lott, que já foi professor nas respeitadas universidades de Yale e Chicago, vinha escapando de forma mais discreta. Ele foi mudando de emprego nos últimos anos, sempre rumo a faculdades menos importantes - movimento estranho, oposto a sua crescente aparição em jornais e programas de entrevistas.”
Resposta: O “foi mudando de emprego” é uma mudança de Yale para o American Enterprise Institute; as “faculdades” são um think tank; e os “menos importantes” são um dos centros de estudo mais prestigiosos dos EUA, onde pesquisadores são pagos para se dedicarem tempo integral à pesquisa, i.e., sem a necessidade de dar aulas. Portanto, não há nada de “vinha escapando de forma mais discreta” ou “movimento estranho”; o que há é um amontoado de falsidades para o leitor da Época. E se a intenção é enganar, pouco importa que o curriculum vitae de John Lott esteja disponível pra qualquer um que visite seu site.

segunda-feira, 3 de novembro de 2003

Ajudando os Bandidos

Edmund Burke escreveu que a conduta 'é a única línguagem que raramente mente'. O que diz então a conduta do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, o relator do estatuto do desarmamento? Além de querer desarmar as vítimas da criminalidade, este é o mesmo sujeito que continua trabalhando para soltar o José Rainha (líder do MST e criminoso condenado que está preso, entre outros crime, pelo de porte ilegal de armas) e que participou diretamente da liberação dos sequestradores do empresário Abílio Diniz. Deve então um pai de família acreditar quando o Greenhalgh diz que o desarmamento civil é pro bem dos brasileiros honestos? Ou deve ele acreditar que o Greenhalgh é--como colocou o deputado Jair Bolsonaro--um "grande defensor de bandidos e marginais"? Não resta a menor dúvida qual opção é a mais verossímil.

terça-feira, 28 de outubro de 2003

Cariocas Desarmados e Devorados Vivos

Neste último domingo no Rio, que foi um dia quente e de mar calmo, os bandidos fizeram a festa nas praias e arredores--e estamos falando das melhores, i.e., Barra, Leblon e Ipanema. Foi um total caos: arrastões, roubos, surfe em teto de ônibus e até espacamento de vítima que chamou a polícia (depois que a polícia se retirou). Só no canal 'Animal Planet' se vê tanta depravação dos mais fortes sobre os mais fracos. Há três possíveis explicações para o Rio ser a 'capital nacional do desarmamento'--sede do Viva Rio e da Rede Globo--diante desta carnificina da sua população: a elite carioca é burra, é louca ou é suicida. Desinformada ela não é pois as notícias sairam ontem em todos os grandes jornais da cidade--inclusive com foto da violência, o que torna a compreensão mais fácil pra essa gente tão letrada.

terça-feira, 21 de outubro de 2003

Porte de Armas nos EUA

A taxa de crime violentos nos EUA só vem baixando nos últimos dez anos. O professor John Lott Jr., então da Universidade de Chicago, fez o mais completo estudo criminalístico sobre armas já realizado naquele país e concluiu o seguinte: a liberação do porte de armas ocultadas em mais de trinta estados americanos contribuiu de maneira estatisticamente significativa para reduzir a taxa de crimes violentos ('Mais Armas, Menos Crimes?', Makron Books 1999). Esta liberação vem acontecendo através das aprovações das chamadas leis 'Shall-issue', que dizem que o estado 'deverá emitir' ('shall issue') o porte pra qualquer cidadão que atenda a uma lista de requisitos objetivos. Existe outros três tipos de lei regendo o porte de armas ocultadas nos EUA:
- 'Irrestrito' ('Unrestricted'): Não há necessidade de uma permissão prévia pra carregar uma arma ocultada. Vermont é assim há décadas;
- 'Discricionário' ('May-issue'): O cidadão tem de atender a uma lista de requisitos mas também depende da discrição da autoridade competente;
- 'Proibido' ('No-issue'): O porte é proibido pra civis;
Note que nos EUA nenhuma dessas leis diz respeito ao 'transporte' de armas, que em geral não requer licença desde que a arma esteja desmuniciada e trancada na mala do carro. Sobre a impressionante expansão das leis 'Shall-issue', veja abaixo o gráfico animado que achei no blog do historiador Clayton Cramer:

segunda-feira, 20 de outubro de 2003

Grande mentiroso

O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh declarou no Globo de hoje: "Estatuto não desarma homem de bem". Grande mentira. O estatuto original do deputado condicionava a compra legal de uma arma a uma 'prova de necessidade'; o objetivo dessa 'prova' era, sem a menor dúvida, desarmar homens de bem. Mesmo na forma atual--aquela que o deputado repudia--o estatuto desarma na medida em que nem todas as pessoas de bem poderão pagar as novas e altas taxas para o porte e a posse de armas legais. (Por sinal, a nova taxa para o porte no Brasil, R$1.000/~US$350, será 179% mais alta que a maior taxa para porte cobrada nos EUA, i.e., US$140 no Texas; ver Tabela 4.12, 'More Guns, Less Crime', John Lott Jr. Isto, caro leitor, enquanto o nosso PIB per capita é quase cinco vezes menor: US$7.600 vs. US$37.600 em 2002.) O artigo fecha com a seguinte declaração do Greenhalgh: "Tem deputado, industrial, gente da polícia que vive às custas da fabricação de arma de fogo. Até as indústrias não tem interesse no estatuto porque ele regulamenta o comércio e dá à população brasileira o direito de ela dizer se quer ou não acabar com essa farra da arma de fogo. Quem não quer a mudança é quem se aproveita da situação". Como pode 'gente da polícia' viver às custas da fabricação de armas? Ele quer desarmar as polícias? Ele se refere a contrabandistas que já trabalham ilegalmente? E como pode a indústria gostar do estatuto que permite o comércio mas também dá ao povo o direito de proibir o comércio? Não é uma coisa ou a outra? Não assusta tanto o deputado regularmente dizer coisas sem o menor sentido. O pior é o número de pessoas que estão apostando suas vidas e aquelas de seus familiares na posição que ele porcamente defende.

quarta-feira, 15 de outubro de 2003

Aqueles que não estão se pronunciando sobre o fim do porte porque acham que o seu próprio porte está garantido--especialmente policiais e membros do judiciário--deveriam mudar de postura por dois motivos: Primeiro porque, ao menosprezar direitos fundamentais dos outros, vocês estão menosprezando os seus próprios--afinal, esses direitos são os mesmos pra todos. Segundo porque o porte de ninguém está garantido com os anti-armas que aí temos--basta ler as propostas do Dep. Luiz Eduardo Greenhalgh.

A publicação 'O Globo'--não posso chamar isso de jornal--de hoje é prova incontestável de que a Rede Globo está engajada numa campanha publicitária a favor do desarmamento. O artigo sobre os truques do governo para aprovar o Estatuto do Desarmamento vem com uma enorme figura circular, como uma placa de sinalização do trânsito, com um revólver no centro e um X sobre ele. O empenho da Globo em aprovar essa lei parece não ter limite. A Rede Globo trabalha com opiniões, notícias e ficção, mas tudo misturado: seu noticiário é opinioso, suas opiniões são uma ficção e sua ficção noticia suas opiniões.

segunda-feira, 13 de outubro de 2003

O RJ-TV de sexta-feira anunciou que o rei e a rainha da noruega doaram R$400.000,00 para a campanha do desarmamento do Viva Rio. Tentei encontrar um link para o leitor conferir por escrito esta nova evidência de influência estrangeira na nossa política de segurança pública, mas não houve interesse nem dos noruegueses, nem da Rede Globo, nem do Viva Rio, em divulgar esta doação por escrito. Ah, vale lembrar que, da última vez que chequei, o percentual de domicílios noruegueses com armas de fogo estava em 31,2%. Na Europa, eles só ficam atrás dos Suíços (32,6%). Por algum motivo, acham bom ter armas pra si próprios.

quinta-feira, 9 de outubro de 2003

Hoje de manhã a Rede Globo entrevistou o relator do estatudo do desarmamento, Dep. Luiz Eduardo Greenhalgh. Aqui vai minha interpretação da entrevista:

GLOBO: - E aí, patrão, a gente ganha essa ou não?
GREENHALGH: - Pois é, não sei. A gente tá tentando contornar o congresso com essa idéia de referendo popular. Há anos que o congresso não aprova uma lei extrema como queremos--vamos então jogar direto pra platéia de vocês. Estamos planejando o seguinte: A TV Globo vai exibir um programa "Você decide", que obviamente será neutro sobre a questão, e a população vai votar por telefone, ligando direto para a Globo.
GLOBO: - O deputado, sei que estou aqui pra levantar só bolas fáceis pro senhor cortar, mas aqui vai uma mais chata: o Sr. é do PT, o partido supostamente do povo. Como o Sr. reconcilia isso com o estatuto do desarmamento, que vai prejudicar principalmente as pessoas de baixa renda que não tem dinheiro pra contratar segurança privada?
GREENHALGH: - Mas qual pobre que vai ser desarmado com essa lei? Pobre já não tem comida na mesa, muito menos arma pra defender a família. [Risos]. Assim como pobre confia sua saúde ao SUS, agora vai ter de confiar a defesa de sua vida ao estado.
GLOBO: - Deputado, as estatísticas apontam que o desarmamento é a coisa certa, não é?
GREENHALGH: - Essas estatísticas todas que a gente menciona, cuidadosamente preparadas pelos técnicos britânicos do Viva Rio, não deixam dúvidas. E a nossa tese principal, que é inquestionável, é de que o fechamento das lojas de armas vai acabar com o estrondoso contrabando de armas que ocorre hoje. Entendeu a lógica?
GLOBO: - Huh? Sim, claro, faz todo sentido.

segunda-feira, 6 de outubro de 2003

Na sexta-feira, na homepage da Yahoo.com, saiu notícia do resultado de uma longa revisão de leis anti-armas americanas. A revisão "não achou nenhuma prova de que tais medidas [as leis anti-armas analizadas] reduzem violência com armas". A notícia foi escrita pela a Associated Press. A revisão foi conduzida por um grupo de cientistas nomeado pelo Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC). O CDC também declarou que não pretende gastar mais dinheiro com estudos sobre armas de fogo. Nem precisamos indagar porque não ouvimos essa notícia na mídia brasileira--para os que já investiram meia-hora na internet lendo sobre o assunto 'desarmamento civil no Brasil', está mais que óbvio que a Rede Globo e seus comparsas estão submetendo o país a uma monumental lavagem cerebral. Esse tipo de notícia desfavorável ao desarmamento das vítimas será então filtrado do público a todo custo.

sábado, 27 de setembro de 2003

A FRASE DA SEMANA é do diretor do Instituto Médico-Legal do Rio e coordenador de Polícia Técnica, Roger Ancilloti, sobre a tentativa de assassiná-lo que ocorreu na quarta-feira. O garupa de uma moto fez quatro disparos contra o seu carro. A escolta policial que o seguia atirou contra os bandidos e feriu um gravemente na cabeça: "Somos defensores dos direitos humanos, mas também somos defensores das nossas vidas. Vagabundo que atira contra nós vai receber a resposta no mesmo tom". (O Globo, 25/9/03, p. 23)

quinta-feira, 25 de setembro de 2003

Há um excelente texto de seis páginas do professor Luiz Tadeu Viapiana, no site In-correto (http://www.incorreto.com.br/), sobre a falácia da idéia de que a diminuição da posse e do porte legais diminuirá a criminalidade. O professor demonstra de maneira simples que, se há uma relação causal entre posse/porte legais e criminalidade, esta relação é o inverso daquela inculcada pela a Rede Globo e o seu lobby da submissão. Para ler o texto, tente este link.

quinta-feira, 18 de setembro de 2003

As mudanças que o congresso fez ontem no Estatuto do Desarmamento foram sensatas, apesar da tentativa da Rede Globo e do resto do lobby da submissão de instaurar pânico na população. Todas as mudanças fazem o maior sentido. A melhor mudança, a meu ver, foi retirar a exigência de uma prova de necessidade na compra de uma arma. Essa exigência permitiria que o estado, na prática, acabasse com a venda legal de armas. Afinal, em geral só se pode provar a necessidade de uma arma depois que algo muito grave já aconteceu. Arma é o tipo de coisa que você compra na esperança de não precisar usar. É melhor tê-la e não precisar dela do que precisar dela e não tê-la.

A Rede Globo não faz jornalismo sobre segurança pública no Brasil. Jornalismo fala principalmente sobre o que aconteceu, não sobre o que deve acontecer. O Globo, por exemplo, reportou hoje na sua primeira página: 'Lobby das armas desfigura projeto'. Ou seja, na visão desse "jornal", o projeto de lei não está mais no seu estado natural: bem truculento contra a posse e o porte legais. Este "jornal" é na verdade uma ferramenta de marketing, a mais formidável do Brasil. Note tudo que a Rede Globo faz pra passar esse projeto. Ela mistura rádio--principalmente a CBN--, jornais e televisão--novelas e telejornais--numa blitzkrieg manipulatória do povo. As evidências são tantas que seria tedioso pro leitor e pra mim revê-las aqui. Basta notar somente uma gigantesca: Não sai um pio do seu "jornalismo", muito menos na televisão, sobre a participação estrangeira no lobby da submissão. Isso não é teoria de conspiração. Vem do próprio site do Viva Rio: Em 2002, o total de contribuições estrangeiras só pras campanhas do Viva Rio de desarmamento da população foi quase cinco vezes superior ao gasto do chamado lobby das armas no mesmo ano. A Rede Globo é um importantíssimo membro deste lobby da submissão. O marketing, por exemplo, que ela fez nos jornais, na CBN, nos telejornais e na novela das oito pra promover e esclarecer como deveria ser a passeata do último domingo vale milhões de reais.

domingo, 14 de setembro de 2003

Se Deus é realmente brasileiro, deixou claro hoje que é contra o desarmamento das vítimas brasileiras da criminalidade. Choveu muito e, pra padrões cariocas, fez um frio intolerável durante a passeata da Globo (com apoio do Viva Rio) pelo entreguismo da população brasileira ao banditismo, digo, pelo Estatuto do Desarmamento. A hipocrisia do evento todo é tão grande que me da vontade de vomitar. Como pode uma pessoa com um Q.I. superior ao de uma ameba não perceber que tudo não passa de uma farsa? Vejam só essa notícia do próprio Globo On Line (14/9/03): "Os atores da novela 'Mulheres Apaixonadas' foram à frente, protegidos por seguranças". E ai de quem entrasse na frente deles--o infeliz seria fuzilado no ato pois afinal isso era uma encenação que sairá na novela. O que não era encenação eram os seguranças da Globo, que, como todos sabem, usam pistolas calibre .40 S&W pra defender os GLOBAISHHHHH. A mensagem dessa frente da passeata era a seguinte: "Na ficção, somos à favor de nos desarmar pra nos proteger, mas na prática andamos protegidos com seguranças da pesada."

O besteirol obviamente continuou. O Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), outro presente, disse: "Quem tem necessidade de usar armas, terá o porte garantido. O que o estatuto faz é tornar inafiançável o porte ilegal de armas". MENTIRA. Eu e minha família temos a necessidade de usar armas pois moramos numa cidade pavorosamente violenta, e no entanto esse panaca--não conheço palavra melhor pra descrever este ser--quer exatamente nos proibir de portar armas. Ele quer que a nossa segurança dependa, tempo integral, do estado--aquele que não consegue promover a segurança nem dentro dos presídios.

Outro depoimento infeliz foi o do Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan): "Não podemos voltar à Idade da Pedra, quando defendíamos a nós mesmos". É exatamente pra Idade da Pedra que estamos voltando ao passar leis que não ajudam um pai de família, ou uma mulher sozinha, a se defenderem de atos universalmente considerados abomináveis; leis que levam o indivíduo a não mais poder contar com a ajuda de um vizinho, ou de um pedestre na rua, mas sim com instituições que não existem quando mais precisamos delas; leis que não distinguem a diferença entre o bem e mal; leis que não são baseadas na lógica, no conhecimento ou na verdade dos fatos, mas sim nos mitos das massas perpetuados pela a ignorância e pela a burrice; leis que assumem que os homens não são responsáveis pelos seus atos e que portanto retiram deles liberdades das quais somente pessoas responsáveis podem gozar. E o Estatuto do Desarmamento se enquadra em todos estes casos. Por sinal, um vizinho do Eduardo que eu conheço se refere a ele como "Don Corleone" devido ao esquema milionário de seguranças armados que o protege noite e dia e de carros-blindados que transportam ele e sua família. Ou seja, ele diz que a auto-defesa é uma coisa da Idade da Pedra, algo que a ralé deve renunciar pra que esta dependa integralmente do estado, enquanto que a integridade dele e de sua família não depende deste mesmo estado sequer um segundo.

quinta-feira, 11 de setembro de 2003

E falando de patológica arrogância para com a realidade, essa estatística repetida por anti-armas de que 70, 80 ou 90 por cento--o que quer que seja--dos homicídios são perpetrados por pessoas normais, com armas legais, num surto de raiva, é um dos números mais loucos que já ouvi. Mas essa estatística está sendo repetida o suficiente pra se tornar, em breve, verdade incontestável.

Uma coisa que me surpreende muito nos brasileiros, mesmo entre os bem educados (supostamente), é a sua paixão por novas leis. Pior ainda, as pessoas não veem dois palmos diante do nariz as conseqüências das novas leis que defendem, e nada se importam com a utilização das leis já existentes. Proibir, por exemplo, a posse de armas dentro de casa, mesmo com o respaldo de um plebiscito, vai simplesmente informalizar por completo o comércio de armas. Num país onde já há tanta informalidade--na moradia, no comércio varejista, na manufatura, na importação, no transporte público--, porque achar que essa não será mais uma? Por que achar que tal proibição vai trazer qualquer vantagem pra um governo que perderá por todo o controle sobre a aquisição de armas? Com tanta evidência nas nossas caras de que a informalidade brota toda vez que a gente cria barreiras legais e/ou onerosas pra vida formal, a defesa da proibição da venda de armas mostra uma patológica arrogância para com a realidade.

segunda-feira, 18 de agosto de 2003

É impressionante o que se diz de besteira quando o tema é estatística. Pra dar uma idéia ao leitor, semana passada ouvi um repórter da CBN entrevistar uma figura responsável pela a colocação, no estado do Rio, de placas de sinalização de trânsito que serão mais fáceis de se ler do que as atuais. A idéia é facilitar a vida dos turistas pra evitar, por exemplo, que eles tomem a saída da Linha Vermelha que leva ao Complexo da Maré. O entrevistado justificou a iniciativa com uma pesquisa de turistas internacionais, feita no Rio, onde os turistas indicavam que a sujeira, o precário transporte público e a má sinalização eram problemas maiores do que a violência. O repórter achou bizarro a violência vir em quarto lugar, mas não questionou a pesquisa.

Ora, é claro que essa pesquisa tem um enorme problema: uma amostragem extremamente tendenciosa. O sujeito que faz turismo numa das cidades mais violentas do mundo é por definição alguém que, por uma razão ou outra, menospreza o problema da violência. O ideal seria entrevistar potenciais turistas como um todo. O Rio perde milhares de turistas por ano por causa da violência e não por causa da má sinalização do trânsito.

O mais triste dessa história é que os estudos brasileiros suportando o desarmamento civil sofrem de falhas idênticas. Será que algum pesquisador do Viva Rio ou delegado metido a estatístico vai pegar uma cópia do "More Guns, Less Crime" pra evitar esse tipo de falha numa pesquisa criminalística? Tenha a certeza absoluta de que não. Mesmo que ele ou ela quisesse, a pessoa seria demitida imediatamente.

domingo, 17 de agosto de 2003

Neste final de semana o programa Espaço Aberto com o Alexandre Garcia, da Globo News, chamou o secretário nacional de segurança, Luis Eduardo Soares, e o sociólogo Artur Trindade (professor do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília) para "debater" o uso, o comércio e o porte de armas no Brasil. Eu não estou brincando--a Globo chamou esse programa de "debate". Um nome melhor seria 'piada'. Pro leitor sentir o nível do atual secretário nacional de segurança, o programa começou com o Alexandre Garcia tendo de explicar pro cara a definição correta do termo 'armas leves'. Depois foi aquela ladainha de estatísticas que caem em dois grupos: as falsas e as irrelevantes. Agora, a Globo conseguir chamar isso de debate foi o melhor exemplo de que a última coisa que essa turma quer é debater qualquer coisa. Pra manter o nível a Globo deveria chamar o KIM Chong-il e o Fidel Castro pra um debate sobre liberdade de expressão.

quarta-feira, 6 de agosto de 2003

A legislatura do estado do Rio está aprovando um aumento do ICMS sobre armas de fogo. O ICMS deve ficar em torno de 200%. Esta é mais uma iniciativa da demagógica governadora do Rio, Rosinha Garotinho. Ontem à noite o diretor de Bangu III foi brutalmente executado, perante dezenas de testemunhas, na Avenida Brasil. A criminalidade no Rio está completamente fora de controle. E, no entanto, o grande alarde dos políticos do Rio é uma lei que só vai prevenir a obtenção legal de armas por cidadãos honestos e pobres. Desarmar bandidos é o que essa lei não irá fazer. Mas os políticos se divertem passando leis que só desarmam vítimas da violência, enquanto que eles andam com seguranças. A ajuda que os políticos cariocas dão ao banditismo é tão ou mais absurda do que a própria violência descontrolada. Não me surpreenderia saber que já tem dinheiro do narcotráfico ajudando a eleger muitas dessas figuras.

quarta-feira, 30 de julho de 2003

Ainda sobre O Globo, o jornal escreveu num editorial pro-desarmamento civil de segunda-feira que "diante de dados irrefutáveis, deputados e senadores se convenceram da necessidade de começar a desarmar os brasileiros". Dados irrefutáveis? São irrefutáveis porque os editores do jornal se recusam a publicar qualquer entrevista ou pesquisa refutando os defensores da proibição do porte e da posse legal de armas. Daí então o termo "dados irrefutáveis". John R. Lott, Jr. já publicou vários artigos acadêmicos e dois livros ("More Guns, Less Crime" e "The Bias Against Guns") sobre a queda de crimes violêntos nos estados americanos que emitem portes pra qualquer cidadão que passasse por uma série de qualificações objetivas. O professor de direito e economia expôs sua carreira acadêmica ao publicar tal material. Ele foi demitido da Universidade de Chicago? Não--acabou convidado pra dar aula em Yale, onde trabalha atualmente. Já que o tema violência é de tanta importância pros brasileiros, porque que O Globo não entrevista esse cara, um dos maiores especialistas no assunto? Tem gente que fica chocada com os detalhes históricos da manipulação das informações que ocorria nos países comunistas e na Alemanha nazista. Mas essa gente não fica chocada com a manipulação atual. Acham naturalíssima ou acham que o outro lado do debate é irrelevante. Mas a manipulação do O Globo e da Rede Globo é gritante. Todos contra o desarmamento das vítimas da violência são membros do lobby das armas; aqueles a favor são "os especialistas". Os dados a favor do desarmamento civil são "irrefutáveis", quando na verdade esses dados não vêm de qualquer fonte acadêmica--muito pelo contrário, ou a fonte do dado é desconhecida pois é uma mentira que já foi repetida mil vezes e se tornou verdade, ou ela é um grupo ou pessoa abertamente a favor desarmamento civil, tipo Rubens César Fernandes.

Veja se não está tudo trocado no Brasil. O coordenador de segurança do complexo penitenciário de Bangu, Paulo Rocha, é assassinado a tiros no seu carro, na Avenida Brasil do Rio, e O Globo dedica 60 palavras ao tema na primeira página. No interior do jornal, a cobertura foi de meia página. Cinco dias depois é assassinado em Bangu 3 o "Marcinho VP". O Globo ontem, na sua primeira página, tinha 150 palavras e duas fotos dedicadas à morte do bandido. No interior do jornal a cobertura foi de duas páginas. A cobertura extensiva do assunto continuou na rádio CBN de ontem e no jornal de hoje--com outra página inteira.

sexta-feira, 18 de julho de 2003

A enxurrada de mentiras e baboseiras continua diante da aprovação do "Estatuto do Desarmamento", que eu prefiro chamar de "Estatuto do Desarme das Vítimas da Violência". A Globo, como sempre, é a locomotiva do desarmamento civil. Ninguém em sã conciência pode achar que a proibição do porte por civis que passam por todas as exigências burocráticas vai diminuir a violência. E não é preciso ser um engenheiro aeroespacial pra achar que na verdade tal proibição vai piorar a violência. Ou o pessoal da Globo é muito burro, ou então são mais um exemplo clássico de crentes seculares que acreditam na criação do paraíso na terra. Num país que se caracteriza pelo fenômeno de 'favelização', isto é, pelo informalismo--seja ele no mercado de moradias, no mercado de transporte público, no mercado de comércio varejista, no mercado de mão de obra--, nós estamos a caminho da informalização completa da defesa pessoal de civis, tanto nas ruas como dentro de casa. Eu ou alguém mais vai deixar de defender a própria família contra estupro ou ameaça de morte porque Luiz Eduardo Greenhalgh ou a maioria absoluta dos meus compatriotas desejam tal nível de submissão? A resposta me parece obvia. A proibição do porte por civis e a criação da 'prova de necessidade' pra ter arma em casa vão aumentar o número de transgressões das leis, tanto por parte dos bandidos, que serão mais audazes, como por parte das vítimas, que recorrerão ao mercado negro pra se defender.

Os anti-armas dão argumentos absurdos. Um deles diz que os bandidos são profissionais usuários de armas e que portanto eu não tenho chances contra eles, ou então que as minhas chances de reação são tão pequenas que o meu direito a auto-defesa não merece existir. Esse argumento erra em vários pontos. Primeiro porque eu tenho chances contra eles. Se alguém quebrar uma janela da minha casa pra entrar aqui a noite, o sujeito vai morrer com certeza. Reconheço que nem sempre a vítima é notificada do que vai ocorrer, mas dizer que ela 'não' tem chance contra o bandido é mentira. Segundo, esse argumento erra ao achar que o meu direito inalienável à auto-defesa está condicionado a minha habilidade superba de exercê-lo. Não está. Desde quando somente autores de livros e jornalistas podem excercer o direito de expressão? Desde quando somente advogados e cientistas políticos têm o direito de representar o povo numa legislatura? O outro argumento absurdo diz que nós devemos proibir a venda de armas porque os bandidos, na grande maioria, usam armas roubadas. Ora, se esse argumento for válido, a lista de produtos a serem banidos é longa. Vamos começar pela as motos e carros. A grande maioria dos crimes são cometidos com o uso de motos e carros roubados. Todos nós podemos nos transportar usando táxis e ônibus que são conduzidos por profissionais. A analogia então com as armas é perfeita. Deveriamos também banir todos os pequenos objetos de alto valor, como jóias, relógios caros, laptops etc. Praticamente todos esses objetos nas mãos de bandidos--como lembra o Rubens Lessa no livro de visitantes desse site--são roubados. Além disso, eles facilitam tremendamente a angariação de fundos ilícitos que ajudam a armar a bandidagem com o que há de melhor. A gente não pode punir praticamente toda a população porque menos de 1% dela faz uso ilícito de um produto. Sou a favor de aumentar a punição daqueles que fazem uso ilícito de armas--roubadas ou não--, mas não de punir a população inteira por esse uso ilícito que ela não exerce. O mais ridículo desse argumento é que está perfeitamente claro que os bandidos estão se armando fortemente com produtos que não se encontram nas lojas brasileiras. Ou seja, mesmo antes de uma proibição total da venda LEGAL de armas, o lucrativo contrabando já está despejando nas grandes cidades uma quantidade monstruosa de armas e munições vindas de fora do país. Os calibres chamados de 'permitidos' pelo exército são o mínimo que se aconselha no uso defensivo--ou ofensivo--e os bandidos estão reagindo a esse fato. Se a proibição da venda legal de armas produzisse uma escassez no mercado negro, os bandidos reagiriam com uma ampliação do contrabando? Claro que sim. Aqueles que matam, estupram e sequestram pouco se importam com a origem das suas ferramentas de trabalho. Só as vítimas saem perdendo com o fim do comércio legal de armas pois ou elas se rendem de cara pros bandidos ou então usam uma arma e acabam presas numa cela cheia de criminosos.

sexta-feira, 11 de julho de 2003

Hoje de madrugada bandidos mataram quatro seguranças de empresas privadas aqui no Rio. Pelo o jeito o poder de fogo vastamente superior dos bandidos explica as mortes. É diante desse quadro--bandidos super bem armados, população ordeira mal armada--que se fala em acabar com a venda legal de armas. Ou seja, agora você nem poderá comprar um .38, enquanto que os bandidos continuarão andando por aí de fuzil, pistolas .40 S&W etc. Ah, mas segundo o governo, isso é pro nosso próprio bem, pois nós não temos cérebro suficiente pra saber reagir! Quem sabe reagir são policiais à paisana, juízes, promotores, legisladores etc--isto é, membros do governo, com sua sabedoria imensamente superior àquela dos que produzem riquezas e pagam impostos. Mas faz sentido: os inteligentes cagam as regras enquanto que nós, contribuintes burros, ficamos à mercê dos bandidos e governo.

terça-feira, 8 de julho de 2003

A Rede Bobo continua sem o menor pingo de vergonha na cara a sua campanha pela a proibição da posse legal de armas. Quando ela toca no assunto no Jornal Nacional, só entrevista "especialistas" contra a medida; a idéia de entrevistar o economista e professor de direito John Lott, nem por cinco minutos, está longe de acontecer, apesar da enorme importância dos projetos de lei que agora o congresso discute. É até risível o nível de parcialidade da emissora. As pessoas que acham que tal proibição não vai adiantar nada estão enganadas. A proibição do porte e da posse de armas vai PIORAR a violência tremendamente. E essa piora levará o governo à sugerir medidas mais draconianas como "um amargo remédio necessário". No Brasil a gente já viu esse filme uma centena de vezes.

sábado, 24 de maio de 2003

Anthony Garotinho, Secretário de Segurança, 24/5/03: "Rio não está entre os estados mais violentos do país".

Hahaha. A gente tem de rir dessa turma, pois as outras opções são morrer de raiva ou de depressão profunda. É muita idiotice no poder. Impressionante. Se cada povo tem o governo que merece, a liderança política do Rio, estado e município, fala muito mal do carioca. Quando não é a anta do Anthony, é a anta do Cesar promovendo o museu de um quarto de bilhão de dólares pra uma cidade que só não atraí turistas porque a violência está fora de controle. Se os turistas não estão vindo pro Rio pra ver Ipanema, Copacabana e Barra, dá pra imaginar que eles virão pra ver mais um Guggenheim? Novamente: É muita idiotice!

quarta-feira, 14 de maio de 2003

Na integra o artigo da Ms. Rosenbaum do Wall Street Journal gozando os planos de expanção do Guggenheim:
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Perpetual Motion: Where Next for the Guggenheim?

In the Fray
By LEE ROSENBAUM

Last month, the Solomon R. Guggenheim Foundation announced plans for the Guggenheim Museum Rio de Janeiro, to be designed by French architect Jean Nouvel. The 240,000-square-foot museum will include a 115-foot waterfall in a tropical rain forest with Brazilian flora and fauna, and a glass-ceilinged entrance hall with underwater views of a reflecting pool. Its cost is variously estimated to be $130 million (according to Cesar Maia, Rio's mayor) and $250 million (according to Thomas Krens, the Guggenheim's director). As with its satellite museum in Bilbao, Spain, the Guggenheim will receive a multimillion-dollar fee from the host city for the use of its name. It will also be paid a $4.18 million fee from Rio during the museum's development phase.

On Friday, just nine days after that announcement, the president of the Venetian Resort in Las Vegas revealed that it was permanently shutting down the larger of its two Guggenheim spaces, which may be converted into a theater.

Ever resilient, Mr. Krens is already seeking new continents to conquer. Next stop -- Taichung in Taiwan, where a feasibility study is already under way. And there is more to come. A disgruntled former employee, laid off during the 43% staff reduction caused by the museum's post-9/11 budget shortfall, has provided The Wall Street Journal with the secret draft of a press release announcing yet another projected branch:

NEW YORK -- June 1, 2010 -- Today Thomas Krens, Director of the Solomon R. Guggenheim Foundation, announced plans for the Guggenheim Museum Antarctica. Embedded in the Earth's southern ice cap, the museum will feature an enclosed Vaseline-slicked skating rink, conceived by Matthew Barney, hailed by the New York Times, in a review of his 2003 Guggenheim exhibition, "The Cremaster Cycle," as "[H]ands down . . . the most compelling, richly imaginative artist to emerge in years." Another amenity will be "Torqued Bobsled Run," designed by Minimalist sculptor Richard Serra and fabricated in his trademark material of massive sheets of steel. Two ice-walled galleries will display the last 10 artworks from the permanent collection of the Guggenheim, the rest having been gradually sold off to cover debt service and other costs associated with the museum's 18-year expansion program.

Despite skating on thin ice financially, the far-flung art museum still sees worlds left to conquer.

"We cannot be a truly Global Guggenheim until we have a foothold on each continent," observed Mr. Krens at last week's Guggenheim Summit in New York, attended by the directors of the Guggenheims Venice, Berlin, Bilbao, Rio, Taichung, Nairobi and Perth. "When our final Guggenheim on this planet opens in 2015 at the North Pole, we will at last have accomplished our goal of being not only global but bipolar."

In keeping with the Guggenheim's practice of using eye-catching architecture to distract from the uneven programming within, Mr. Krens announced that the Guggenheim Antarctica will be designed by the husband-and-wife team of Diller + Scofidio, best known for their 2002 Swiss Expo "Blur Building," so named because it is shrouded in a fog of mist sprayed from nozzles on its exterior. Their new museum, to be known as the "Brrrr Building," will be in the shape of a dogsled. Because its chief material will be ice, it will be the least expensive construction project so far, in line with the comparatively low attendance projected for this challenging climate. "Cost containment is essential because, unlike other international venues, Antarctica has no one willing to pay us tens of millions of dollars for use of the Guggenheim name," said Mr. Krens. "There are only penguins there."

The 10 paintings of the Antarctic Collection will be supplemented by art from the Guggenheim's new partner, the Saatchi Gallery of London. It will lend new work by Chris Ofili and Damien Hirst, among other MABAs (Middle-Aged British Artists), for an inaugural exhibition titled "Insensate." This will be followed by "The Art of the Snowmobile," a sequel to the museum's acclaimed high-octane cultural event of the 1990s, "The Art of the Motorcycle." This dynamic museum will be always in motion, thanks to the constant shifting of polar floes.

Mr. Krens commented that "the plans for the new museum are part of a tundra development plan that will anchor the rehabilitation of Antarctica and bring new jobs and new visitors, much as Frank Gehry's museum transformed Bilbao. This will be global warming in the best sense," he said. "It also continues our policy of diverting attention from our financial and management difficulties in New York by expanding abroad."

"The Guggenheim Antarctica will surely be a museum for the new millennium and beyond," Mr. Krens commented. "Speaking of beyond," he added, "we have already started our next feasibility study. It is for a location we are not yet prepared to disclose. But let me say that if realized, it will represent one small step for the Guggenheim, one giant leap for mankind."

Ms. Rosenbaum is a contributing editor of Art in America magazine.

Updated May 13, 2003 9:47 a.m.

A nova do O Globo é dar na cabeça de empresas que mencionam a violência descontrolada do Rio. Primeiro com a reportagem sobre o anúncio de um hotel de Búzios que mostrava a foto de um ônibus incendiado, cena que está se tornando um cartão postal da cidade maravilhosa. Agora a reportagem de primeira página entitulada 'Banco Exporta Medo da Violência', que comenta sobre um email do Citigroup pros seus mais de 200.000 funcionários sugerindo o uso do Santos Dumond, entre outras coisas.

Essa reação do O Bobo é no mínimo bizarra. Notícias da violência carioca têm saido nos maiores jornais do mundo. Semana passada mesmo havia um artigo de primeira página no Wall Street Journal sobre o extermínio de bandidos na favela Rio das Pedras. A circulação diária daquele jornal é de quase dois milhões de cópias. Havia também semana passada longas reportagens sobre a violência carioca no New York Times (circulação um pouco acima de um milhão) e na revista The Economist (circulação de 880.000).

O que deveria ser destaque de primeira página no O Bobo é a reação do prefeito do Rio, Cesar Maia, ao email do Citigroup:
"É uma enorme besteira, até porque, em quantidade, ocorrem menos problemas na Linha Vermelha do que na Avenida Paulista. Poderiam chamar a atenção na mensagem para o fato de que os problemas na Linha Vermelha não são assaltos a motoristas."

Dá pra acreditar? Já imaginou o Citigroup dizendo no email: "By the way, don't worry too much about the Red Line Highway in Rio because its biggest problem isn't robbery, like in Avenida Paulista, but rather the daily exchange of machinegun fire between the police and drug lords. And in case you are wondering, these are not submachineguns using handgun calibers; no, these are the real thing and they fire the .223, the .308 and the 7.62x39. Thus don't bother about renting an armored car. Just relax and enjoy your trip!" Essa figura é a mesma que quer gastar milhões num novo museu de arte pro Rio, uma cidade que, tirando a violência, tem do melhor pra atrair turistas.

sábado, 10 de maio de 2003

A idéia do município do Rio gastar dezenas de milhões de dólares num Guggenheim enquanto a região metropolitana mergulha de cabeça numa guerra civil é uma das coisas mais irresponsáveis que eu já ouvi na minha vida. Enquanto o estado do Rio vai à Brasília pedir recursos do resto do país, a cidade joga dinheiro fora. Agora, pro prefeito Cesar Maia o projeto faz sentido pois essa será a sua pirâmide pra eternidade; o fato de que esse dinheiro poderia salvar milhares de vidas e educar milhares de crianças lhe importa menos.

Essa questão da escolha das leis a serem aplicadas é importante. As pessoas, e especialmente os políticos, com frequência apoiam a criação de novas leis--"temos de regulamentar isso", "temos de proibir aquilo". O problema é que novas leis restringem ainda mais os recursos limitados do estado; numa situação de guerra civil como a do Rio, ou elas destrõem o conceito de priorização ou são esquecidas. Ambos são resultados ruins pra sociedade: o primeiro destrai a polícia e o segundo denigre a importância do seguimento das leis.

Da mesma maneira que o governo brasileiro pune o cidadão que segue as leis, está claro que ele também pune policiais honestos. Se o policial faz de tudo pra entregar o bandido vivo na mão da justiça, em uma semana--ou no dia seguinte--esse bandido está nas ruas correndo atrás do policial. O policial honesto também tem de escolher entre correr atrás do pai de familia que dirige com um celular na mão ou do 'bonde' com vinte bandidos armados de fuzis, escopetas e pistolas. Os policiais honestos são mortos ou corrompidos. Os que perseveram na honestidade são heróis literalmente.

quinta-feira, 8 de maio de 2003

Resolvi começar esse weblog porque não estava fazendo sentido encher o livro de visitantes com mensagens minhas...