quarta-feira, 30 de julho de 2003

Ainda sobre O Globo, o jornal escreveu num editorial pro-desarmamento civil de segunda-feira que "diante de dados irrefutáveis, deputados e senadores se convenceram da necessidade de começar a desarmar os brasileiros". Dados irrefutáveis? São irrefutáveis porque os editores do jornal se recusam a publicar qualquer entrevista ou pesquisa refutando os defensores da proibição do porte e da posse legal de armas. Daí então o termo "dados irrefutáveis". John R. Lott, Jr. já publicou vários artigos acadêmicos e dois livros ("More Guns, Less Crime" e "The Bias Against Guns") sobre a queda de crimes violêntos nos estados americanos que emitem portes pra qualquer cidadão que passasse por uma série de qualificações objetivas. O professor de direito e economia expôs sua carreira acadêmica ao publicar tal material. Ele foi demitido da Universidade de Chicago? Não--acabou convidado pra dar aula em Yale, onde trabalha atualmente. Já que o tema violência é de tanta importância pros brasileiros, porque que O Globo não entrevista esse cara, um dos maiores especialistas no assunto? Tem gente que fica chocada com os detalhes históricos da manipulação das informações que ocorria nos países comunistas e na Alemanha nazista. Mas essa gente não fica chocada com a manipulação atual. Acham naturalíssima ou acham que o outro lado do debate é irrelevante. Mas a manipulação do O Globo e da Rede Globo é gritante. Todos contra o desarmamento das vítimas da violência são membros do lobby das armas; aqueles a favor são "os especialistas". Os dados a favor do desarmamento civil são "irrefutáveis", quando na verdade esses dados não vêm de qualquer fonte acadêmica--muito pelo contrário, ou a fonte do dado é desconhecida pois é uma mentira que já foi repetida mil vezes e se tornou verdade, ou ela é um grupo ou pessoa abertamente a favor desarmamento civil, tipo Rubens César Fernandes.

Veja se não está tudo trocado no Brasil. O coordenador de segurança do complexo penitenciário de Bangu, Paulo Rocha, é assassinado a tiros no seu carro, na Avenida Brasil do Rio, e O Globo dedica 60 palavras ao tema na primeira página. No interior do jornal, a cobertura foi de meia página. Cinco dias depois é assassinado em Bangu 3 o "Marcinho VP". O Globo ontem, na sua primeira página, tinha 150 palavras e duas fotos dedicadas à morte do bandido. No interior do jornal a cobertura foi de duas páginas. A cobertura extensiva do assunto continuou na rádio CBN de ontem e no jornal de hoje--com outra página inteira.