“Power tends to corrupt, and absolute power corrupts absolutely.”
- Lord Acton (1834-1902)
Terça-feira fui uma das vítimas do abuso de poder dos agentes da Polícia Federal nos aeroportos do Brasil. Fora da área visível do saguão, onde os passaportes são vistoriados, não havia ninguém na fila e fui liberado em vinte segundos. Ou seja, minha espera e a de tantos outros por mais de duas horas foi pura extorsão. Foi uma belíssima demonstração de terceiro mundismo. Não podia faltar à demonstração os apadrinhados, cada um com um pistolão a tiracolo, que passavam na frente de mais de uma centena de pessoas esperando na fila--tudo sem explicações, naturalmente. Mas o mais interessante desta experiência é o contraste entre a intolerância do governo brasileiro para com a formação de monopólios na iniciativa privada e a ausência de condenação--nem mesmo verbal--do abuso do poder de um monopólio estatal. E o governo não só não condena seus agentes que abusam do poder de um monopólio estatal como ainda defende, através das suas propostas de desarmamento civil, premiar estes agentes com uma importante fatia de um novo monopólio--nada mais nada menos do que o da defesa armada da vida e da propriedade em todo território brasileiro!
É bom que o abuso tenha acabado--pelo menos temporariamente--mas por outro lado também seria bom que ele durasse um ano para que toda a nossa elite passasse pela tortura. Talvez assim ela se tornaria menos fã da insana proposta de desarmar os brasileiros de bem.