quinta-feira, 2 de dezembro de 2004

E Mais Tentativa de Lavagem Cerebral do Globo...

O famigerado O Globo publica hoje uma notícia de destaque na primeira página dizendo que "Desarmamento Reduz em 18% Homicídios em SP". A qualidade da reportagem é tão boa que o jornalista Flavio Freire esqueceu até de dar a fonte dos dados. Mas detalhes pouco importam quando o objetivo é tentar lavar o cérebro do povo, custe o que custar. Dentro do jornal O Globo ainda tem a cara de pau de tomar emprestado o título do livro do Prof. John Lott ("More Guns, Less Crime") para intitular a reportagem como "Menos Armas, Menos Mortes". No seu livro John Lott dá um show de análise estatística com regressões lineares de múltiplas variáveis independentes para controlar tudo mais que poderia afetar as taxas de criminalidade além das leis de liberalização do porte. Sua análise também incluiu 3.054 condados americanos e se estende por 18 anos (de 1977 a 1994). Mas o Flavio Freire, um cara que talvez nem saiba o que é uma variança--muito menos uma regressão linear!--nos dá que a lei do desarmamento, aprovada ano passado, em 12 meses reduziu os homicídios em São Paulo em 18%! Que desgraça que uma das 'grandes' instituições do país não passe de uma máquina de propaganda--e uma de quinta categoria. Isso não é liderança intelectual mas sim desonestidade intelectual (se é que há qualquer coisa de intelectual nO Globo). Seguem abaixo duas cartas de leitores (já disponíveis na Internet mas que sairão na edição de amanhã) que o jornal teve a felicidade de publicar. Se publicaram estas duas devem ter recebido umas 2.000 semelhantes.
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É uma afronta à inteligência dos leitores a reportagem da primeira página do GLOBO de hoje (2/12). Será que os editores acham que seus leitores não sabem diferenciar correlação de causalidade? Se menos de 2% das mortes por armas são causadas por acidentes, e bandidos não entregam suas armas, como pode o jornal colocar um título enorme dizendo que os assassinatos caíram por causa do desarmamento? Os assassinos entregaram voluntariamente seus AR-15, uma arma que sempre foi ilegal, diga-se de passagem? O Estatuto do Desarmamento é uma farsa, inútil ao desarmar somente os cidadãos de bem.

RODRIGO CONSTANTINO DOS SANTOS (via Globo Online, 2/12), Rio

A parcialidade da reportagem sobre o desarmamento não condiz com a imagem de um jornal da envergadura do GLOBO. Sem um mínimo de embasamento e estatísticas confiáveis, a reportagem ofende aqueles que respeitam e compram diariamente a publicação. Que a instituição tenha uma visão a favor do desarmamento eu posso respeitar, porém a parcialidade no maior jornal do país é vista com desconfiança e espanto.

CLÁUDIO CISNE CID

Mais Regras Tolas Para os Súditos Brasileiros

"Para as duas entidades, a norma beneficia os fabricantes de cartuchos". Esses antiarmas são completamente pirados. Um limite de 300 balas por ano beneficia fabricantes de cartuchos?? Na época em que atirava regularmente havia pelo menos 300 balas rolando soltas na mala do meu carro. E já que nossos governantes não tem coisa melhor para fazer--mesmo num país onde uma das principais cidades já está em guerra civil--, só falta a criação de um banco de dados único para rastrear a compra de balas! E a recarga de balas, também será limitada à 300 cartuchos por ano? O exército tornará chumbo (que os atiradores derretem para fazer ponta de bala de recarga) um produto controlado? Seria engraçado se a gente não visse bala trassante nos céus do Rio toda noite. Agora, lembre-se que o governo já admitiu, através do ministro da justiça, que esta palhaçada toda de desarmamento civil não tem nada a ver com desarmar os bandidos. O objetivo é desarmar você! Diante desta admissão estas regras fazem algum sentido, pois desmuniciar os bandidos elas não irão. Afinal, munição para a Glock 19 e para o AR-15 não se encontra nas lojas de armas.
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Para entidades, limite deveria ser de 50 cartuchos

Globo On-Line, 2/12/04

O Movimento Viva Rio e o Instituto Sou da Paz criticaram a decisão do ministro da Defesa, José Alencar, de permitir que cada dono de arma registrada compre até 300 balas por ano. As duas organizações, que estiveram na linha de frente da campanha pela aprovação do Estatuto do Desarmamento, disseram que o limite estabelecido para a compra de balas é alto demais, o que indica o afrouxamento do estatuto e abre novas brechas para o contrabando de munição.

--Se o cidadão tem uma arma para sua proteção, 50 balas são suficientes. O que o sujeito vai fazer com 300 cartuchos? Essa portaria é muito frouxa. Cinqüenta balas deveria ser o limite anual--afirmou Antônio Rangel, coordenador do programa de Controle de Armas, do Viva Rio.

Compra de balas poderia favorecer o contrabando

O ponto de vista é partilhado também pela Sou da Paz. Para o diretor-executivo da entidade, Deniz Mizne, a permissão para a compra de grandes quantidade de balas favorece o contrabando e pode, no futuro, ajudar a municiar criminosos. Ele argumenta que munição armazenada em casa pode ser roubada ou vendida no mercado paralelo. Ou seja, aumentaria a oferta do produto no mercado clandestino. Para as duas entidades, a norma beneficia os fabricantes de cartuchos, que querem aumentar o volume de vendas, mas contraria os interesses da segurança pública. ?

Essa decisão vai totalmente contra a lógica do desarmamento--disse Mizne.

A portaria que estabelece o limite de compra de balas foi publicada no Diário Oficial da União de ontem. Hoje o Viva Rio deverá enviar um parecer sobre o assunto aos ministérios da Defesa e da Justiça. A organização também critica a ausência de mecanismos de controle de venda na portaria de Alencar.

Cliente não precisará apresentar registro da arma

O texto da portaria não exige nem mesmo a apresentação do registro da arma do cliente interessado na compra de munição. Segundo Antônio Rangel, sem essas regras específicas de controle, uma única pessoa poderá comprar balas acima do limite com poucas chances de ser identificada. Bastaria adquirir a munição em diferentes lojas.

Deniz Mizne entende que essas modificações enfraquecem o Estatuto do Desarmamento, aprovado a duras penas no Congresso. O texto foi aprovado no fim do ano passado, apesar da forte resistência do lobby dos fabricantes de armamentos.

--Temos que ficar atentos a essas mudanças principalmente porque alguns setores do Exército foram contra o estatuto--afirmou Mizne.