quinta-feira, 11 de setembro de 2003

E falando de patológica arrogância para com a realidade, essa estatística repetida por anti-armas de que 70, 80 ou 90 por cento--o que quer que seja--dos homicídios são perpetrados por pessoas normais, com armas legais, num surto de raiva, é um dos números mais loucos que já ouvi. Mas essa estatística está sendo repetida o suficiente pra se tornar, em breve, verdade incontestável.

Uma coisa que me surpreende muito nos brasileiros, mesmo entre os bem educados (supostamente), é a sua paixão por novas leis. Pior ainda, as pessoas não veem dois palmos diante do nariz as conseqüências das novas leis que defendem, e nada se importam com a utilização das leis já existentes. Proibir, por exemplo, a posse de armas dentro de casa, mesmo com o respaldo de um plebiscito, vai simplesmente informalizar por completo o comércio de armas. Num país onde já há tanta informalidade--na moradia, no comércio varejista, na manufatura, na importação, no transporte público--, porque achar que essa não será mais uma? Por que achar que tal proibição vai trazer qualquer vantagem pra um governo que perderá por todo o controle sobre a aquisição de armas? Com tanta evidência nas nossas caras de que a informalidade brota toda vez que a gente cria barreiras legais e/ou onerosas pra vida formal, a defesa da proibição da venda de armas mostra uma patológica arrogância para com a realidade.