quinta-feira, 18 de setembro de 2003

As mudanças que o congresso fez ontem no Estatuto do Desarmamento foram sensatas, apesar da tentativa da Rede Globo e do resto do lobby da submissão de instaurar pânico na população. Todas as mudanças fazem o maior sentido. A melhor mudança, a meu ver, foi retirar a exigência de uma prova de necessidade na compra de uma arma. Essa exigência permitiria que o estado, na prática, acabasse com a venda legal de armas. Afinal, em geral só se pode provar a necessidade de uma arma depois que algo muito grave já aconteceu. Arma é o tipo de coisa que você compra na esperança de não precisar usar. É melhor tê-la e não precisar dela do que precisar dela e não tê-la.

A Rede Globo não faz jornalismo sobre segurança pública no Brasil. Jornalismo fala principalmente sobre o que aconteceu, não sobre o que deve acontecer. O Globo, por exemplo, reportou hoje na sua primeira página: 'Lobby das armas desfigura projeto'. Ou seja, na visão desse "jornal", o projeto de lei não está mais no seu estado natural: bem truculento contra a posse e o porte legais. Este "jornal" é na verdade uma ferramenta de marketing, a mais formidável do Brasil. Note tudo que a Rede Globo faz pra passar esse projeto. Ela mistura rádio--principalmente a CBN--, jornais e televisão--novelas e telejornais--numa blitzkrieg manipulatória do povo. As evidências são tantas que seria tedioso pro leitor e pra mim revê-las aqui. Basta notar somente uma gigantesca: Não sai um pio do seu "jornalismo", muito menos na televisão, sobre a participação estrangeira no lobby da submissão. Isso não é teoria de conspiração. Vem do próprio site do Viva Rio: Em 2002, o total de contribuições estrangeiras só pras campanhas do Viva Rio de desarmamento da população foi quase cinco vezes superior ao gasto do chamado lobby das armas no mesmo ano. A Rede Globo é um importantíssimo membro deste lobby da submissão. O marketing, por exemplo, que ela fez nos jornais, na CBN, nos telejornais e na novela das oito pra promover e esclarecer como deveria ser a passeata do último domingo vale milhões de reais.

domingo, 14 de setembro de 2003

Se Deus é realmente brasileiro, deixou claro hoje que é contra o desarmamento das vítimas brasileiras da criminalidade. Choveu muito e, pra padrões cariocas, fez um frio intolerável durante a passeata da Globo (com apoio do Viva Rio) pelo entreguismo da população brasileira ao banditismo, digo, pelo Estatuto do Desarmamento. A hipocrisia do evento todo é tão grande que me da vontade de vomitar. Como pode uma pessoa com um Q.I. superior ao de uma ameba não perceber que tudo não passa de uma farsa? Vejam só essa notícia do próprio Globo On Line (14/9/03): "Os atores da novela 'Mulheres Apaixonadas' foram à frente, protegidos por seguranças". E ai de quem entrasse na frente deles--o infeliz seria fuzilado no ato pois afinal isso era uma encenação que sairá na novela. O que não era encenação eram os seguranças da Globo, que, como todos sabem, usam pistolas calibre .40 S&W pra defender os GLOBAISHHHHH. A mensagem dessa frente da passeata era a seguinte: "Na ficção, somos à favor de nos desarmar pra nos proteger, mas na prática andamos protegidos com seguranças da pesada."

O besteirol obviamente continuou. O Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), outro presente, disse: "Quem tem necessidade de usar armas, terá o porte garantido. O que o estatuto faz é tornar inafiançável o porte ilegal de armas". MENTIRA. Eu e minha família temos a necessidade de usar armas pois moramos numa cidade pavorosamente violenta, e no entanto esse panaca--não conheço palavra melhor pra descrever este ser--quer exatamente nos proibir de portar armas. Ele quer que a nossa segurança dependa, tempo integral, do estado--aquele que não consegue promover a segurança nem dentro dos presídios.

Outro depoimento infeliz foi o do Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan): "Não podemos voltar à Idade da Pedra, quando defendíamos a nós mesmos". É exatamente pra Idade da Pedra que estamos voltando ao passar leis que não ajudam um pai de família, ou uma mulher sozinha, a se defenderem de atos universalmente considerados abomináveis; leis que levam o indivíduo a não mais poder contar com a ajuda de um vizinho, ou de um pedestre na rua, mas sim com instituições que não existem quando mais precisamos delas; leis que não distinguem a diferença entre o bem e mal; leis que não são baseadas na lógica, no conhecimento ou na verdade dos fatos, mas sim nos mitos das massas perpetuados pela a ignorância e pela a burrice; leis que assumem que os homens não são responsáveis pelos seus atos e que portanto retiram deles liberdades das quais somente pessoas responsáveis podem gozar. E o Estatuto do Desarmamento se enquadra em todos estes casos. Por sinal, um vizinho do Eduardo que eu conheço se refere a ele como "Don Corleone" devido ao esquema milionário de seguranças armados que o protege noite e dia e de carros-blindados que transportam ele e sua família. Ou seja, ele diz que a auto-defesa é uma coisa da Idade da Pedra, algo que a ralé deve renunciar pra que esta dependa integralmente do estado, enquanto que a integridade dele e de sua família não depende deste mesmo estado sequer um segundo.