quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Sistema de Injustiça: Exemplos de Como Se Destrói Uma Sociedade

Saiu hoje nos jornais que o nosso magnífico sistema de injustiça soltou um dos maiores sequestradores dos anos 90, o Robson Roque da Cunha, 40 anos--carinhosamente conhecido como "Robson Caveirinha"--, para "visitar a família". Surpreendentemente, ele não voltou! O benefício foi concedido pelo juiz auxiliar Carlos Eduardo Carvalho de Figueiredo, da Vara de Execuções Penais (mais conhecida como a "Vara de Exceções Penais") . Sensacional, Carlos Eduardo! Quem sabe você ou o seu pai não tem o privilégio de se hospedar com a família do Robson? Ele já recebeu hóspedes ilustres, como o Roberto Medina, que pagou ao Robson US$2,5 milhões antes de voltar para casa. Para um juiz essa quantia não deve ser nada, afinal sabemos que pessoas brilhantes como você recebem dos contribuintes uma baba para tomar decisões que tanto beneficiam a sociedade! Mais sensacional ainda: Dois meses antes de ser libertado, um inquérito da 12a DP (Copacabana) pediu a prisão do Robson por ele chefiar o tráfico nos morros Pavão-Pavãozinho e Chapéu Mangueira, e na Favela do Dique. Apesar da investigação ter constatado a influência desta figura, então presa, a promotora Simone Coachman não aceitou o pedido de prisão de Caveirinha. Robson havia sido condenado a 46 anos de prisão por sequestro e assassinato e foi liberado segunda-feira do Presídio Edgar Costa, Niterói. Aparentemente ao sair ele disse "Hasta la vista, baby". Segundo O Globo, a liberação de Caveirinha foi comemorada com queima de fogos no Pavão-Pavãozinho e Chapéu Mangueira. Só não se sabe se os fogos eram para homenagear também o Carlos Eduardo e a Simone Cockroachman.

A soltura voluntária do Caveirinha se dá logo após a soltura volutária do Marcelo Soares de Medeiros, o "Marcelo PQD". O PQD saiu do Presídio Edgar Costa para levar bombons para parentes e, sem nenhuma razão aparente, não voltou! Juízes da Vara de Exceções Penais ficaram comovidos com a notícia e estão planejando uma vigília pela paz na Candelária. Uma busca de 3 milésimos de segundo no Google indica que o PQD foi preso em 1998 numa fortaleza no Morro do Dendê com granadas, pistolas, escopetas e cocaína. Oito anos depois nossos maravilhosos juízes, que quase não pesam na sociedade, liberaram esta figura para ele "visitar parentes".

O Globo conta que falta pouco também para o sequestrador e traficante Adlas Ferreira, o "Adão de Vigário Geral", ser solto para visitar "só por dois diaszinhos" primos distantes, segundo ele. Adão está preso na Penitenciária Benjamin de Moraes Filho, no Complexo de Gericinó. Ele aguarda que sua ação seja enviada à Vara de Exceções Penais. A Vara então providenciará um tapete vermelho, uma limosine e uma banda para homenagear a saída "temporária" do Adão.

Bom, acho que qualquer cidadão com um QI de mais de dois dígitos sabe que uma sociedade que trata seus bandidos mais violentos desta maneira vai mergulhar ou já mergulhou no caos. E espero que a essa altura aqueles que acreditam que o cidadão de bem não deve ter o direito de se defender com armas agora entendam que o cidadão não só deve ter tal direito, mas deve também exercê-lo em sua plenitude: Com o que há de melhor em matéria de conhecimento e de armamento. Pois não tenha um mínimo de dúvida de que os bandidos estão aí para massacrá-lo e de que nossos juízes e legisladores só servem para manter bandidos nas ruas e para sugar impostos.